Desculpa por ter esbarrado em você na saída do banheiro daquele bar. Por ter aceitado as tuas desculpas, por ter dito que estava tudo bem quase te pedindo pra esbarrar de novo em mim. Desculpa se te convenci de que queria você na minha vida, quando na verdade, eu só queria um beijo seu sem história pra contar. Se bem que um esbarrão já foi o suficiente pra não te tirar da cabeça. Mas me desculpa. Desculpa de verdade. Desculpa mesmo, por te colocar nessa, sem ter certeza de que te suportaria. Desculpa se tirei o celular do bolso, juro que não era a minha intenção te dar o meu número. Desculpa se retoquei a maquiagem enquanto você conversava com alguns amigos na outra mesa, eu não queria chamar a tua atenção. Desculpa pelo beijo que deixei no guardanapo, era só pra tirar o excesso de batom. Desculpa pelo jeito que bebi cerveja, se chamei o garçom na hora em que você me olhava e atrapalhei tudo. Desculpa por ser assim tão livre, decidida, e ao mesmo tempo desprendida de você, eu nunca fui do tipo que arranca liberdade de ninguém, pra falar a verdade tenho um apreço imenso pela minha liberdade, sou divorciada dos enganos que foram pra mim. E desculpa, cara, por assim ter feito você acreditar que era eu, quando na verdade, não era. Eu não posso pagar pelas suas expectativas.
Desculpa se tropecei em tua mesa e te fiz acreditar no destino. Por um momento eu até acreditei. E até entraria na tua vida se fosse pra ficar, mas é que eu estava um tanto leve, trocando paixões por mais um copo, justificando as desilusões da minha vida com meus descuidos, falando das minhas bobagens, bagagens e distrações. Coisa de gente bêbada e louca. Desculpa por ter me levantado pra dançar do teu lado. Desculpa por ter esbarrado em você mais uma vez, por ter pedido desculpa mais uma vez, por ter molhado a tua calça de cerveja e te feito acreditar que era eu, quando na verdade poderia ser qualquer outra. Desculpa por ter feito você dançar pra me convencer de que a música não importa, se o mais importante são esses embalos de sábado a noite e esses momentos de impacto que nos distrai do mundo real e leva a gente pra um espaço literalmente louco. Desculpa se te teletransportei pro meu mundo que tá mais pra plutão que pra marte. Se abrir pra você o meu universo perdido em algum lugar onde esqueci esse lance de interesse. Se por instantes te fiz acreditar que a porta estava escancarada pra você quando era só a janela aberta pro vento entrar. O que seria de uma flor sem bons ventos, me diz! Desculpa se furei você, não me desfaço desses espinhos nem por um buquê de promessas. Desculpa pela confusão que te causei, por ter te feito acreditar que aquele meu olhar pra você, era um convite pra você entrar em minha vida e ficar. Desculpa por ter deixado a tua mão em minha cintura, por ter fechado os olhos quando não deveria, por ter inclinado o meu rosto ao teu, e por ter perdido o ritmo da música. Eu esqueci completamente que era pop porque teu beijo tinha gosto de jazz. Desculpa também por ter trocado o disco da tua noite, por ter feito você ouvir um ritmo que é bastante generoso se soubermos ser também. Desculpa por ter feito você acreditar que era eu, quando na verdade, não era.
Desculpa
por ter deixado você anotar o seu número em meu celular mas não
ter te ligado no outro dia. Por ter te falado que os meus país são
uma verdadeira comédia, que estou solteira desde julho, que tenho um
Pastor Alemão que come os meus sapatos. Desculpa por ter te dito que
tenho aula de francês aos domingos, que jogo vôlei aos sábados e
arranho um violão. Minha intenção nunca foi te pedir pra reservar um tempo pra mim ou dizer que eu poderia ficar com você quando não estivesse fazendo nada. Desculpa
por ter falado todas essas coisas sem tanta importância mas que se
tornam agradáveis quando queremos apenas mais algumas horas de
convivência. Desculpa
por ter reparado o teu sinal no pescoço, as tuas covinhas e as tuas
pernas abertas. Desculpa por ter dito pros meus amigos irem embora
porque eu ficaria
mais um pouco com você. Por ter falado que você é legal quando não
tínhamos mais assunto e ficamos olhando pro copo. Por ter retribuído
todos os gostos, práticas e manias tuas. Eu sei que existe uma
compatibilidade em nossa Playlist, que pode parecer nossa orientação
para um futuro bom, mas vai por mim, não vamos a lugar algum.
Desculpa por te recusado
quando o elevador chegou e você me pediu pra entrar primeiro, assim
você repetiu com a porta do carro, a porta da tua casa, a porta do
cinema, mas é que fiquei atordoada, sabe? Faltava pouco pra você
abrir a porta do peito e sei lá, talvez eu fizesse merda. Não
limpasse os pés tão sujos dos amores descompromissados. Então
preferi não incomodar, não me acomodar, nem acabar com o que você
construiu de mim. Seja qual foi o sorriso que você se apaixonou
naquela noite, não era meu. Desculpa
se aceitei o filme em plena segunda-feira. Se
por um minuto aceitei teus olhos em mim. Se
por dois, aceitei tua boca em minha boca. Se
por cinco minutos me despejei em teus braços e por um momento não
dei conta que você não me deixaria cair, nem escorregar das tuas
mãos, nem escapar da tua vida. Eu tive que interromper o beijo
porque eu não saberia como reagir voltando pra casa com uma parte de
você e deixando uma boa parte de mim contigo.
Soube
que você comprou ingressos pro show da minha banda preferida,
desculpa por isso também. Desculpa por ter provado tua macarronada.
Por ter gemido, gozado, ter feito café da manhã pra você, e no
final, sumir. Também desculpa pelos abraços sempre tão apertados.
Você tem os braços mais reguláveis do mundo, mas me desculpa por
não ficar. Desculpa por aquele domingo frio. Por ter feito teu peito
de travesseiro. Cê
pode procurar promessas mais inteiras, palavras mais carinhosas e
abraços mais acolhedores. Não tô levando nada não. Fica tranquilo
que o teu coração tá no
lugar. Fiz
algumas panquecas pra você. Já recolhi toda sujeira que deixei. Não
quero ser lembrada, nem lembrar. Tô indo como cheguei. Rápido.
Depressa. Com pressa que você acorde e me peça pra ficar. Fechei a
porta e passei a chave por debaixo pra você nem notar que entrei na
tua vida e a
baguncei toda.
Ah, também apaguei o meu número do teu celular pra te poupar
vontade de mim caso você acorde com ressaca da última
noite.
Desculpa se não fui sua namorada.
12 Comentários