Da carta que não te enviei.
Você disse pra mim que precisava conversar. Conversamos. Ouvi você dizer que não deveríamos mais continuar. Te pedi explicações. Você falou que eu andava te machucando e que não conseguia mais me fazer rir mesmo que se esforçasse pra isso. Eu disse que iria me esforçar. Pedi pra que a gente não acabasse assim. Implorei pra que a gente continuasse tentando ser feliz juntos. Tentei ser tua felicidade, falhei. Você tentou me fazer sorrir, chorei. Te dei uma nova chance. Pedi um pouco mais de esforço teu, não deu.
Você propôs amizade. Eu disse tudo bem, como se realmente fosse possível a gente se tornar amigos. Eu queria mesmo era fazer parte dos teus segredos e não ouvir você falar de outra pessoa. Eu queria sair contigo, ficar bem perto de você e não sair de você e te ver tão distante de mim. Você disse que eu era incrível, que gostou do meu sorriso mas não pretendia o ocupar. Me encheu de elogios. Tive a impressão de que tudo isso era pra que eu não sentisse tanto sua falta. Te agradeço por isso, mas não me senti melhor. Você elogiou os meus defeitos e me fez acreditar que poderia ser amor disfarçado de medo. Mas não era. Eu insisti. Tive que insistir. Era uma despedida escancarada, só eu não entendia.
Acreditei que poderia continuar te vendo e ouvindo a tua voz antes de dormir. Você me pediu um tempo. Pensou como iria acabar tudo e acabou. Eu pensei em te procurar pra tomar uma taça de vinho. Pensei em te ligar e te chamar pra sair. Acreditei que você pudesse aparecer algum dia, você não apareceu. Pensei que em algum momento você desistiria de desistir da gente, não desistiu.
Eu quero te dizer que todo aquele esforço pra te ver não foi à toa e que aquele sorriso ao ter você ao meu lado nunca foi ensaio. Quero te dizer também que te dar as minhas mãos não foi um gesto qualquer e que não tive a intenção de te assustar ao abrir a porta pra você com o meu melhor sorriso. Quero te dizer que aquele brilho em meus olhos não foi colírio, que sentir o coração aumentando de tamanho não foi exagero e que esquecer de todas as mulheres do mundo por ter você teve uma razão. Quero te dizer que aquele beijo que te dei era só o inicio de muitos que poderia te dar, e que a minha boca, meu peito e minha vida inteira esperaram que você voltasse. Quero te dizer que eu estava disposto a perdoar sua escolha de ir embora, mas só agora eu entendo que a gente não ama necessariamente quem nos quer, às vezes a gente quer quem não nos ama. E posso te dizer o quanto isso é foda. Não quero te culpar, mas quero te dizer que o teu coração foi tolo em não me aceitar. Espero que você não se culpe quando amar alguém e esse alguém não estiver na mesma sintonia que você. Mais uma vez, desculpa por ter pisado em teu pé na fila do cinema, por ter batido o cotovelo em você por descuido, quando tudo que queria era envolver os meus braços em teu pescoço. Desculpa por ter suado demais quando você me deu as mãos. Se tudo isso tinha uma razão pra acontecer mesmo que sem querer, hoje não tem mais.
Eu pensei em te convencer, juro! Fazer tudo pra te agradar. Me dobrar mesmo que sabendo que dois de mim ainda assim não te agradaria. Pensei em bater na porta da tua casa, contar pros seus pais sobre esse calor que corria em minha pele e esse gosto de você que não saia da minha boca até que eles te convencessem a me querer. Pensei em te fazer uma surpresa. Puxei assunto por mensagem e vi que você não se empolgava em responder. Logo desisti de te fazer a surpresa. Noutro dia acordei disposto a te esquecer, antes do dia acabar, lembrei de você. Rezei pra que você me quisesse enquanto eu te queria. Rezei pra que os papeis não se invertessem. Hoje não passamos de dois desconhecidos que se conhecem muito bem. E às vezes me bate um certo medo só de imaginar o que você pode fazer com tanto de mim que possui.
Agora, eu só quero te pedir desculpas por tentar adiar nossos desencontros, por tentar te querer sem ao menos ter você por aqui, e me doar sem pensar na sua disponibilidade. Quero te pedir desculpas por todos os sorrisos que te tirei por egoísmo e dizer que aceitei o amor depois de tanto tentar te encontrar. Aceitei a escolha que cê fez. Você escolheu fugir de mim, da mesma forma que assumi o papel de idiota e escolhi te procurar todas as vezes que decidiu partir. Eu quero te dizer que foi um erro o que fiz com você e comigo. Quero te falar que o amor não se pede, nem se implora, entende? Numa dessas esquinas tentando te encontrar, me encontrei.
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