Não me perderei de novo.

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Eu até poderia te ligar agora, pra te lembrar que o calor das suas mãos e a euforia da sua risada me faziam sorrir de dentro pra fora, e pra te lembrar do calafrio que você me causava quando me desafiava, do vinho à beira-mar, dos filmes no sofá da minha casa, do cafuné no chão da tua sala, dos nossos pés gelados por fora do edredom, das músicas que você errou o refrão, dos tantos livros que esqueci no banco do carro, da minha companhia nos lugares que só você conhecia e eu nem gostava tanto, do teu cotovelo batendo na minha cabeça quando você tentava me fazer algum carinho e falhava, do teu celular vibrando e eu insinuando que alguém estava quase te roubando de mim, e você sorrindo me chamando de boba, e eu dizendo que preciso levantar da cama porque tenho aula e o professor é novo e não tolera atrasos, e você me puxando pra ficar mais um pouco, e eu me cedendo por você, e você me perguntando se eu prefiro de ovo mexido ou com a gema mole, eu te respondendo - enquanto calço o sapato - que tanto faz porque ver você de samba-canção e com o cabelo bagunçado no fogão é engraçado e inexplicavelmente me faz um bem danado, você com aquela mania de olhar o Facebook enquanto come, a gente puxa um assunto sobre a novela e no final marcamos um viagem no próximo final de semana sem nem saber se vai realmente acontecer, chega a hora de ir, eu digo que preciso ir, você me encara como se dissesse pra ficar mas eu não posso, prometo que volto mais tarde, pego a minha bolsa e sempre esqueço uma nova coisa na tua casa pra ter mais um novo motivo pra voltar, te beijo na porta, quero te ver de novo, amanhã a gente se vê, volto logo, eu gosto do teu perfume porque ele fica no meu jeans quando volto pra casa, o jeito que você me olha me deixa sem graça, para, me beija, dorme aqui, cheguei, abre a porta por favor, tudo bem, tô bem, te abraço como se o tempo demorasse a passar pra te ver e confesso, a sensação de ansiedade de esperar a hora pra ter ver me consome, como um anuncio de um novo episodio da minha série preferida, daí você me acostuma ao teu cheiro, teu beijo, teu corpo, me escancara a vida e me deixa assim, totalmente despreparada pruma hora dessas que você resolve partir.
Eu até poderia te mostrar as fotos da nossa última viagem e te chamar atenção pro tamanho do seu sorriso, te pedir pra olhar as nossas conversas de duas semanas atrás onde a gente parecia tão bem. Cê disse que tinha adorado aquela nossa saída porque eu te fiz mais feliz do que qualquer outra pessoa já tinha te feito. Você disse que eu faço o melhor sanduíche antes de dormir, e eu te respondi com o clichê do comercial de Sazón que é porque eu faço com amor. Você ri, eu digo que encontrei um lugar com música boa e garçons gentis, vamos, o tempo passou rápido demais, a gente se abraça no meio da rua, você encontra um amigo e me apresenta como se eu já fizesse parte da tua vida, tudo bem que eu sinto fazer, mas é cedo ainda, não é? Chega a hora de ir, amanhã vou sair com alguns amigos e queria que você conhecesse, todo mundo gostou de você. Talvez hoje isso tudo soe como cafona, mas quando a gente gosta, a gente não pensa no que dizer, apenas diz. A gente não sabe quando vai fazer a outra pessoa sorrir, a gente apenas faz. A gente não aparece só quando o outro precisa da gente, a gente tenta preencher até quando ele não precisa mais. Numa dessas madrugadas você prometeu que não desistiria da gente e eu me permiti acreditar. Agora, você resolve se afastar. Diz que por enquanto não quer se envolver em nada sério, mas isso que estávamos envolvidos já era tão sério pra mim, entende? Você não precisava continuar com isso, você não precisava me fazer acreditar que iria ser você. E você se fechou, disse que não queria mais e tentou me explicar o que eu não estava pronta pra entender. Acontece que ninguém deixa de gostar de uma hora pra outra, mas tudo bem, eu aceito. Aceito que agora sou seu passado e se você não viu amor em tudo que te entreguei e no jeito que me joguei em você, resta mesmo aceitar. Aceito mesmo que ainda duvidando - porque é difícil acreditar - que você não foi amor, e pensando bem, te entendo, nem tudo que é intenso é pra ser amor, não é mesmo? Por fim, eu me aceito agora. Me aceito sem você. E prometo que na saúde e na doença, não me separarei, nem me perderei de novo.

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